Foto: Eduardo Ramos (Diário/Arquivo)
Faz já dois anos e meio da eleição de 2020. Mas a memória ainda está fresquinha. Aos esquecidos, não custa relembrar. No primeiro turno, com menos votos que imaginava, o atual prefeito, o tucano Jorge Pozzobom foi (com o vice Rodrigo Decimo, hoje no União Brasil e então no agora falecido PSL) ao segundo turno, à frente do petista Luciano Guerra e atrás do candidato da dobradinha PP/MDB, composta, respectivamente, pelo então vice-prefeito Sérgio Cechin e o edil Francisco Harrisson.
Na rodada final, como se sabe, o eleitor de esquerda garantiu vitória folgada a Pozzobom, jogando MDB e PP para a oposição parlamentar. Aliás, os pepistas podiam festejar ao menos ter feito a maior bancada do Legislativo, com quatro cadeiras (uma a mais que PSDB, PT e MDB). A questão é, já faltando ano e meio para o próximo pleito municipal, a quantas anda essa dobradinha derrotada nas urnas de 2020.
A resposta é simples: fracionada. E sem grandes alternativas competitivas para 2024, diante da polarização que aparentemente se estabelece na disputa pelo Centro Administrativo Municipal (foto). De um lado, o nome governista ainda sem sigla definida, Rodrigo Decimo. De outro, o petista tido como maior que seu partido, o deputado estadual Valdeci Oliveira.
É verdade que emedebistas falam na possibilidade de colocar o nome do deputado Beto Fantinel na urna eletrônica. Para puxar votos ao parlamento e fazer uma votação digna, que o alavanque para as disputas de 2026. Mas há o temor de não alcançar desempenho digno e comprometer o partido. Sem falar que parte dele adoraria apoiar Decimo desde o primeiro turno.
No caso do Progressistas, a situação é ainda pior. Sem nomes fortes, já que Cechin estaria fora da disputa, lhe resta tentar cooptar o novista Giuseppe Riesgo, ou mesmo apoiar o ex-deputado, se o partido dele topar fazer alianças. É isso ou restarão poucas possibilidades, aparentemente.
Nas internas, há grande discussão. Muito mais serena do que se supõe ao ouvir os estridentes e não raros esganiçados discursos no parlamento. É nos bastidores que acontece o papo que conta. E este indica acordos impensáveis há dois anos e meio. Mas bastante viáveis hoje.
Ah, e outros nomes de candidatos a prefeito? Sim, surgirão. Eles virão naturalmente de partidos menores, com os bem intencionados e a quota habitual de arrivistas. Isso noves fora o conturbado PDT, que não se sabe qual rumo tomará. Mas, do ponto de vista de hoje não passariam de coadjuvantes. Já em 2024…
O concurso para CC, uma queda “para cima” e a dupla de oposição
José Eggres
Marco Mascarenhas
Fotos: Diário (Arquivo)
CONCURSO – a maior parte dos cargos de confiança regionais mais importantes foi mantida. Mas há poucas garantias permanentes e entre os dois de maior visibilidade há importante distinção.
Enquanto na Coordenadoria Regional de Saúde, que tende a continuar com o comando de Fabrícia Ennes da Silva Costa, chancelada pelos partidos que compõem o governo de Eduardo Leite, na Educação a situação é diferente.
O atual Coordenador, José Luis Viera Eggres (foto), foi reconduzido, mas de forma interina. Em algum momento, junto com outros eventuais pretendentes, será submetido a um concurso. Como, aliás, ocorreu há quatro anos, quando ele foi nomeado. Eggres é do MDB do vice-governador Gabriel Souza.
PARA CIMA – tem uma expressão, não rara por sinal, na política, que talvez possa ser utilizada no caso da mudança desta semana, no Secretariado da Prefeitura Municipal. Há quem diga, é a frase, que Marco Mascarenhas (foto) “caiu para cima”. Corredores do poder apontam que ele estava desgastado no cargo que ocupa desde o primeiro mandato de Jorge Pozzobom.
No entanto, sua habilidade política, fidelidade e competência não poderiam ser desperdiçados, diz-se. Então, a assessoria superior, com status de secretário, o fazem manter posições no governo, e com, diz-se, assento em decisões estratégicas.
No lugar dele assume, numa interinidade que há quem imagine possa se tornar permanente, a Controladora Geral do Município, Carolina Salbego Lisowski. Que, a par da competência técnica (já ocupou o mesmo cargo), pode ser uma espécie de coringa da administração.
A DUPLA – Não necessariamente compõem uma dobradinha, inclusive porque de partidos diferentes. Mas é unânime, inclusive no Centro Administrativo Municipal, que são do MDB e do PP (leia nota que abre esta página) os maiores oposicionistas no parlamento. No caso, Tubias Callil, uma voz dissonante no seu partido, e Pablo Pacheco, o infante do Legislativo e provável futuro presidente do Progressistas. Sim, há outros no time da oposição. No entanto, não mostram o nível de articulação dessa dupla. É o que pensa o colunista? Talvez. Mas é o que tem certeza o governo.
Unidos aqui, mas separados noutra paragens, Federação PSB/PDT esfria
Foto: Divulgação
Está mesmo difícil aumentar o número de Federações partidárias. Se imaginava que a Brasil da Esperança (PT/PC do B/PV), a PSDB/Cidadania e a PSol/Rede teriam companhia. Primeiro gelou totalmente a gestada entre União Brasil e Progressistas. Agora vai para a geladeira, ao que tudo indica, também a articulação que uniria PSB, PDT e Solidariedade.
O fato é que, embora próximos ideologicamente e até na prática recente, interesses regionais fortes devem impedir a unidade, pelo menos num futuro próximo. Para não fazer ninguém desanimar, lideranças falam em voltar ao tema em 2026 – quando, pensa o cronista, a água da possibilidade de não atingir a cláusula de barreira estiver chegando ao pescoço das agremiações.
Certo é que diferenças aparentemente incontornáveis, cada sigla com seu próprio interesse, fazem o freezer tornar-se destino da tentativa de união. Que, se diga, não são o Rio Grande do Sul, muito menos Santa Maria, os responsáveis pelo cisma.
Ao contrário, na boca do monte, PSB e PDT, os sócios maiores desse possível conglomerado, até concorreram unidos à Prefeitura em 2020. E, no Estado, cada qual com seu tamanho, ambos também chancelam o governo tucano de Eduardo Leite, inclusive ostentando cargos na gestão lotada no Palácio Piratini (foto).
Luneta
SAINTES
Falando ou não, quietos ou não, o fato é que cresce a quantidade de vereadores que, se pudessem, tá teriam trocado de sigla. Sensação é que os pretendentes à deserção irão matutar pelo máximo de tempo possível. E segurarão, se der, até os últimos dias de março de 2024, o mês da traição (em que não correm risco de perder o mandato), para definir o futuro. Que pode ser até continuar no mesmo lugar.
SAINTES II
Não são os únicos, claro, mas os que claramente demonstram maior desconforto com a própria situação, ainda que prefiram não confirmar, estão Tubias Callil (MDB) e Tony Oliveira (Podemos). O primeiro é minoritário no seu partido, que namora o governo municipal ao qual ele se opõe. O segundo, com pretensões de concorrer ao Executivo, está em agremiação minúscula em Santa Maria. Vai daí que…
PDT FERVE
É evidente que os bastidores do pedetismo santa-mariense estão fervendo. Não é de hoje, claro, mas a situação esquentou ainda mais depois das manifestações do presidente municipal Marcelo Bisogno, reproduzidas pela coluna, na semana passada. Nelas, o principal dirigente do PDT claramente tenta fechar o caminho do ex-reitor da UFSM, Paulo Burmann (foto), de ser um protagonista da sigla na boca do monte.
PDT FERVE II
Que se diga: não obstante a temperatura pra lá de elevada, publicamente não houve qualquer resposta do grupo burmista (cujo tamanho foi relevado por Bisogno, ao dizer ter “700 fichas” de novos filiados para registrar) às manifestações do presidente. Logo, ao menos por enquanto, a disputa é feita tão quietamente quanto possível. Só não se sabe por quanto tempo. Até aqui, o silêncio é quase obsequioso.
PARA FECHAR
Quem cunhou o neologismo foi o advogado e líder de classe, Péricles Lamartine Palma Costa, dia destes, no Sala de Debate, da Rádio CDN/TV Diário. Disse o ex-presidente da subsecção santa-mariense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): o que vemos na Câmara de Vereadores é o chamado “Legiscutivo”. Desenhando: parlamentares querendo cumprir tarefas do Executivo. Faz todo o sentido, cá entre nós.